Tuesday, November 25, 2008

Convite: Oleografias de Arlindo Castro e Poemas de Donaldo Mello

Da nossa aldeia

As panelas areadas
na beira do rio.

Areia fininha, esfregada
com pano velho no

alumínio da velha
frigideira fritadeira:

das sardinhas, dos pacus;
refletindo o intenso sol

amazônico; as panelas
reluzentes penduradas

na parede da cozinha
da casa humilde ribeirinha,

amazônica, reluzindo uma
espécie de estante de troféus.

Condecorações alinhadas
traduzindo: pobreza, paciência, des-treza.

A pureza da alma amazônica,
refletida no desvelar da fuligem

retirada com esmero delicado
pelas mãos ciosas das mulheres.

Mães laboriosas, dos filhos
desterrados a ouvi-las à distância

no canto sagrado da nostalgia
de um tempo do verde e das águas.

Na beira do rio as panelas
areadas a brilhar, a brilhar

a brilhar, além! Lá bem...
“Nostalgia do mais”: “paixão do infinito”.

Poema de Donaldo Mello dedicado ao amazônida Arlindo Castro, artista residente em Brasília.

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