Wednesday, February 19, 2014

Nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tem nova queda



Nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tem nova queda


Água ocupa apenas 35,54% da capacidade de armazenagem em usinas, segundo o ONS, o mais baixo desde novembro de 2012
O nível dos reservatórios continua em nível preocupante. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entre as usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, o nível de armazenamento caiu de 35,6% para 35,54% entre os dias 15 e 16 de fevereiro. No mesmo período, as do Sul subiram de 42,8% para 43,05%, assim como as do Norte ( de 72,4% para 73,6%). No Nordeste, os reservatórios ficaram estáveis em 42,4%.
Foi de olho nesse cenário, em debate feito na manhã desta segunda-feira pela Coppe/UFRJ, no Rio, que especialistas lembraram que o setor elétrico brasileiro deve se preparar para períodos menos chuvosos e com temperaturas elevadas . Para eles, essa combinação será cada vez mais comum.
Segundo Gilvam Sampaio, professor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o cenário atual é muito semelhante ao de 2001, quando o governo teve de fazer o racionamento de energia. Para ele, o Brasil vive hoje um "extremo climático", em um fenômeno chamado de bloqueio atmosférico. Sampaio explica que, assim como ocorreu há 13 anos, o sistema de alta pressão da atmosfera, em vez de se formar no oceano, acaba se formando no continente, impedindo a formação de nuvens durante o verão.
- Essa alta pressão impede a formação de nuvens. Por isso, não chove. Isso ocorre principalmente na Região Sudeste do Brasil. Além disso, quando uma frente fria consegue furar esse bloqueio, o que vemos são chuvas muito intensas e concentradas. Mas no geral o volume de chuva não aumenta e a temperatura alta permanece. Hoje, todas as previsões indicam aumento na temperatura futura. Esse aumento na temperatura facilita a formação desses bloqueios, embora não conseguimos prever com que frequência eles podem ocorrer. E, visto isso, como o sistema elétrico pode se preparar para conviver com esses extremos do clima? - questiona Sampaio.
Sampaio diz ainda que o século XXI será o "século dos extremos climáticos", com períodos de muitas chuvas em alguns locais e períodos de intensa seca em outros. Segundo ele, o nível dos reservatórios deve baixar ainda mais no país:
- Pelo histórico, o volume de chuvas de março para abril cai pela metade - lembra Sampaio.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ, e Roberto D' Araújo, diretor do Instituto Ilumina, lembraram ainda dos problemas envolvendo a falta de linhas de transmissão entre as usinas de energia eólica.
- A execução do planejamento é preocupante. O modelo atual exige uma reflexão. Em 2001, por exemplo, Itaipu tinha energia, mas não tínhamos linha de transmissão. Hoje, temos eólicas, sem as linhas - disse Pinguelli.
O professor da Coppe Sérgio Henrique da Cunha, disse ainda que é preciso mais investimentos para se aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.

Custo em patamar elevado
Na última sexta-feira, o ONS divulgou um documento que indica que o custo marginal de energia no Brasil manteve-se em um patamar elevado, o que exigiria, pelas normas do governo, um racionamento energético. O órgão, no entanto, decidiu não determinar o corte, destacando a probabilidade de chuvas nos próximos dias.
As informações estão presentes no Sumário Executivo do Programa Mensal de Operação (PMO) para a semana de 15 a 21 de fevereiro. Segundo a Resolução Homologatória nº 1.667 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os altos custos demandam um racionamento de 5%, para evitar impactos financeiros elevados no sistema.
"Todavia, as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte encontram-se em pleno período úmido, o que conduz à expectativa de reversão do atual cenário hidrológico", afirma o documento, que indica que a demanda será totalmente atendida. "Os valores obtidos para a função de Custo de Déficit não inplicam acionamento de medidas de redução compuslória de consumo", destaca o ONS.
Esta é a segunda vez seguida que o documento indica valores na energia marginal que superam o limite de déficit da Aneel mas sem que o ONS determinasse o racionamento. O documento, publicado na noite desta sexta-feira, indica que o consumo de energia em fevereiro será 13,8% superiro registrado ao mesmo mês do ano passado, por causa da ausência do feriado de carnaval neste mês e pela onda de calor. Na semana anterior, o documento previa uma alta de consumo ainda maior: 15%.
(Bruno Rosa/O Globo)

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