Wednesday, August 20, 2014

Em entrevista, filha de Cora Coralina divulga poema inédito da escritora



Para celebrar 125 anos de nascimento da autora goiana, o Correio apresenta entrevista exclusiva com a Vicência Bretas Tahan


Elô Bittencourt - Especial para o Correio
Publicação: 20/08/2014 08:12 Atualização:




A poesia de Cora Coralina é uma profissão de fé. Graças à sua ternura em manusear as palavras, como se fizesse um doce, ela se transformou em uma das principais poetas da literatura brasileira. A escritora obteve reconhecimento aos 75 anos, quando Carlos Drummond de Andrade começou a elogiar publicamente os versos da vovozinha lírica que nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás Velho.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nome de batismo da escritora, faleceu aos 96 anos, em 1985. Cora Coralina começou a escrever cedo, aos 14 anos, porém teve o primeiro livro publicado em junho de 1965, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Foi a partir daí que a doceira famosa começou a ser conhecida no mundo da literatura.

Em comemoração aos 125 anos de nascimento de Cora Coralina, o Correio apresenta uma poesia inédita da escritora, concedida pela filha Vicência Bretas Tahan. Na entrevista, a herdeira relatou que ainda há muitos escritos da poeta que não foram publicados, nem disponibilizados no museu porque estão sendo organizados. A filha da poeta revela, também, como era conviver ao lado de uma mulher extremamente forte e, ao mesmo tempo, delicada e sensível.

Poesia

Guia de Goiás

Tem sua rima

Bem pode ser a mulher terra, a mulher sertaneja, sua velha escriba, Cora Coralina

Guia do meu Goiás

Guia de muita gente, para conhecer mais o meu Goiás.

Goiás, seu mapa é uma certeza no centro do Brasil.

Goiás é coração, é o sonido Augusto do berrante na frente das manadas, das estradas do sertão

Goias é água e pão, água para toda sede e pão para toda fome

Goiás é oferta de trabalho, é a terra em gestação

Cora Coralina

Confira trecho da entrevista com Vicência Bretas Tahan, filha de Cora Coralina

Como era a mulher Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas?

Minha mãe era muito trabalhadeira. Fazia tudo dentro de casa. Gostava muito de escrever, embora não tivesse suas poesias lidas. Não era comum naquela época, por isso ela escrevia e guardava. Além disso, tinha os afazeres de casa como lavar roupa, fazer doces e comida. Antes a mulher era preparada para casar e não se falava em ser escritora. Ela era muito lutadora também.

O que Cora Coralina mais gostava de fazer? Como era sua rotina?

Quando moça ela tinha que fazer doces para vender. Naquela época, não tinha a obrigação de ir à escola. Ela aprendeu o básico, o primário. Aos 14 anos, começou a escrever. Gostava de fazer versos e outros textos...

Como foi o primeiro contato dela com Carlos Drummond de Andrade?

Ela não o conheceu, mas se corresponderam por carta. Quando ela já tinha publicado o primeiro livro, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, uma conhecida dela deu o livro ao Drummond. Ele gostou muito, daí, tempos depois, escreveu para ela: “Cora Coralina. Não tendo o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina. Todo o carinho, toda a admiração do seu Carlos Drummond de Andrade”.

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