Friday, August 07, 2015

Di Melo apresenta uma das obras mais obscuras do soul brasileiro

Show em comemoração aos 40 anos do lançamento do disco Di Melo acontece na sexta-feira (7)





postado em 06/08/2015 07:37

Ao escutar os primeiros compassos do disco Di Melo, lançado em 1975, é quase instintiva a vontade de fazer a ligação entre esse inexplorado petardo da soul music brasileira e a sonoridade produzida por monstros do gênero, como Jorge Ben, Wilson Simonal e, claro, Tim Maia. Apesar de as semelhanças com Tim serem óbvias – não só na sonoridade, mas também na personalidade debochada e expansiva –, elas não contam toda a fascinante história do pernambucano que, amanhã, fará show no Amsterdam Street. “Estarei aí com a banda Dom Casamata, de Goiânia. Vamos mesclar sons antigos com novos. Será um show alegre, com altas pegadas e levadas inteligentes”, descreveu Di Melo, ao Correio, com sua característica empolgação e bom-humor.

Roberto de Melo Santos começou a fazer nome no cenário musical de São Paulo, durante os anos 1960, tocando em bares e clubes noturnos. O cultuado disco, o único da carreira, que tem participações de Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte, foi gravado pela EMI-Odeon e apresenta uma sonoridade que vai além do suingue e do balanço, contando, também, com pitadas de tango, baladas e até elementos progressivos. “É um disco à frente de seu tempo”, bem definiu Charles Gavin, baterista do Titãs, em participação no documentário Di Melo: o imorrível, de Alan Oliveira e Rubens Pássaro, que conta um pouco da trajetória do artista.

Com todos os (merecidos) superlativos direcionados à obra, por que então Di Melo não atingiu o mesmo nível de reconhecimento e estrelato que seus contemporâneos? “Eu era muito jovem e achava que estava ganhando pouco frente ao sucesso que estava fazendo. Minhas músicas tocavam na rádio, eu tinha até composição no disco do Wando. Faltou um pouco de serenidade, de jogo de cintura para entender o mercado. Só posso culpar a mim mesmo”, respondeu, resignado.

O imorrível
Após se retirar, desiludido, do cenário musical, Di Melo retornou para Pernambuco onde, pouco tempo depois, sofreu um acidente de moto. Ter sobrevivido ao episódio foi o que, supostamente, lhe rendeu o apelido de “imorrível”. No entanto, a verdadeira segunda vida do artista veio após ter conhecido Jô Abade, esposa e atual empresária, com quem tem uma filha, Gabriela. “Nos conhecemos há 15 anos, durante uma festa de carnaval, e além de minha produtora, ela tem sido uma verdadeira mentora da minha carreira e da minha vida “, relatou.

Di Melo
Show em comemoração aos 40 anos do lançamento do disco Di Melo, no Amsterdam Street 211 (SCRN 211 Bloco D - subsolo). 
Amanhã, às 22h. Ingressos: R$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.

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